fevereiro 07, 2003

Ontem estava grogue, febril, resfriado. Num pusta calorão. Uma merda. Passei o dia de molho em casa. Mas uma coisa boa disso saiu (além de não ter que ir trabalhar). Vi um programa, um talk show sobre literatura na STV, falavam do Leminsky. Um episódio da vida dele e minha febre (certamente) me inspiraram a escrever um poema/letra depois de um longo, longo inverno! Ei-lo:

Eu vou pedir a conta ao garçom
Todo cemitério tem um bar ao lado
Pra velar os vivos, só, embriagado
No escritório os mortos
Na avenida o gado
Como uma revoada de macacos
No céu do Hades

Vejo que ainda não é tão tarde
Tomo a saideira onde o ar for limpo
O calor da alma me derrete o vínculo

Mato o cartão de ponto
Rubro de sangue seu terno engomado
Porque eu faço parte de um lindo panteão
Onde os anjos sujos vivem chapados
Tocando estridentes num bar enfumaçado

Vou pedir a conta ao garçom
Todo cemitério tem um bar ao lado

Vini
6.2.93
(tarde febril)