fevereiro 20, 2003


Sidney Álvaro Miller Filho foi um dos maiores compositores da MPB. Fez músicas de protesto bem punks pra época - os anos 60 da ditadura militar -, dignas de figuras como o chileno Victo Jara. Morreu no completo ostracismo. E o ostracismo foi tanto que todas os fãs ardorosos de MPB provenientes daquela geração que conheci - como meu tio e irmão Dimas e minha colega de trampo Mãezona Fachin - sempre me disseram que o cara tinha morrido novo. Mas não foi assim não, ele só sumiu mesmo. Falta alguém pra resgatar com mais detalhes sua história lá no Rio. Clique no nome dele logo abaixo do título de Pois É, Pra Que?, que publiquei logo abaixo, e uma curta biografia. Paulo Eduardo Neves, do bom site Agenda do Samba & Choro escreveu: "Todos seus quatro discos -- Sidney Miller (1967), Brasil, do Guarani ao Guaraná (1968), Línguas de Fogo (1974) e Sidney Miller (1983) -- estão fora de catálogo e nunca foram lançados em CD. Não mereceu nem mesmo entrar numa destas coletâneas vagabundas que as grandes gravadoras lançam aos quilos. Apenas uma ou outra composição pode ser encontrada com intérpretes como Paulinho da Viola, Jards Macalé, Doris Monteiro ou Gal Costa. Hoje, seu nome é mais lembrado por dar nome ao espaço de shows da Funarte, onde trabalhou e criou um importante projeto de novos compositores."

Bem lembrado, Mau. Muito bem lembrado:

Pois É, Prá Quê?
Sidney Miller

D Bm G A7 D Bm
O automóvel corre a lembrança morre
G A7 D Bm
O suor escorre e molha a calçada
G A7 D
A verdade na rua a verdade no povo
Bm G F#7 Bm Bm/A
A mulher toda nua mas nada de novo
Em A7 D Bm
A revolta latente que ninguém vê
G A7 D Bm G A7
E nem sabe se sente pois é pra que
D Bm G A7 D Bm
O imposto a conta o bazar barato
G A7 D Bm
O relógio aponta o momento exato
G A7 D Bm
Da morte incerta a gravata enforca
G F#7 Bm Bm/A
O sapato aperta o país exporta
G A7 D Bm
E na minha porta ninguém quer ver
G A7 D Bm G A7
Uma sombra morta pois é pra que
D Bm G A7 D Bm
Que rapaz é esse que estranho canto
G A7 D Bm
Seu rosto é santo seu canto é tudo
G A7 D Bm
Saiu do nada da dor fingida
G F#7 Bm Bm/A
Desceu a estrada subiu na vida
G A7 D Bm
A menina aflita ele não quer ver
G A7 D Bm G A7
A guitarra excita pois é pra que
D Bm G A7 D Bm
A fome a doença o esporte a gincana
G A7 D Bm
A praia compensa o trabalho a semana
G A7 D
O chopp o cinema o amor que atenua
Bm G F#7 Bm Bm/A
Um tiro no peito o sangue na rua
G A7 D Bm
A fome a doença não sei mais porque
G A7 D Bm
Que noite que lua meu bem pra que
D Bm G A7 D Bm
O patrão sustenta o café o almoço
G A7 D Bm
O jornal comenta o rapaz tão moço
G A7 D Bm
O calor aumenta a família cresce
G F#7 Bm Bm/A
O cientista inventa uma flor que parece
G A7 D
A razão mais segura pra ninguém saber
Bm G A7 D Bm G A7
De outra flor que tortura
D Bm G A7 D Bm
No fim do mundo tem um tesouro
G A7 D Bm
Quem foi primeiro carrega o ouro
G A7 D Bm
A vida passa no meu cigarro
G F#7 Bm Bm/A
Quem tem mais pressa que arranje um carro
G A7 D Bm
Pra andar ligeiro sem ter porque
G A7 D Bm G
Sem ter pra onde pois é pra que
A7 D Bm G A7 D Bm G A7 D
Pois é pra que pois é