fevereiro 11, 2003

Ô Fabão,
O filme não era completamente de macho então, né? Não tinha futebol, hehe? Sem encher, achei um pusta filme bacana. Minha expectativa não partiu dos jornais e semanários. O Rafa (Mr. Burns) tinha lido este livro no meio do ano passado e passou um final de semana inteiro explicando a disputa pelos 5 pontos, os Dead Rabbits, que os caras passavam banha no cabelo pra ficarem com um visual rebelde e nos botecos pagava-se, sei lá, um cent, por uma dose de cerveja (era o preço para vc pegar o quanto pudesse beber num só fôlego metendo a boca aquela mangueira que saia de um imenso barril; imagina o cheiro desse troço) e coisa e tal.
E nem tudo que os ianques fazem é sinônimo de propaganda pro status quo, Helo, assim como nem tudo o que sai de Hollywood é lixo puro - 99% é, é verdade, mas alguma coisa escapa.
Claro que eu fiquei matutando sobre o tal discurso do consenso. E acho que o filme não tem mensagens subliminares e patriotismo barato. A violência ali é sem honra, pois a despeito dos códigos de cada grupo, a trapaça é ofício. Acho que o grande mérito do filme é ser hollywood, chamar a atenção e ao mesmo tempo tornar explicita a questão da intolerância racial nos Estados Unidos. Esse é o tema.
O livro meio que procura descrever o nascimento da marginália estadunidense como o século 20 acabou conhecendo; dessa história sairam manifestações das mais variadas, desde a máfia italiana, aos Panteras Negras, dos bikers (aquelas gangues de jaquetas de couro do pós-guerra, cujo visual e o estilo de vida a cultura do rock'n'roll adotou posteriormente - tipo Marlon Brando em O Selvagem), passando pelos Beatniks, até os Gangsta Rap negro e chicano e todos os seus personagens. Gangues de Nova Iorque é o Parque dos Dinossauros da escória daquela terra. É o caldo primordial do submundo. Vale lembrar que tudo de interessante que aquele pais já fez veio da "escória".
Não é mesmo o melhor filme da história, mas é legal pacas.