julho 12, 2003

O acesso a nossa memória atualmente ainda é muito difícil. O meu em particular, ainda mais, porque minha memória quase se equipara à dos peixes, que dura cinco segundos, hehe (salve Discovery Channel, hehe). Acho que é por isso que escrevemos, apesar de eu saber que tem gente que lembra de tudo, que fala coisas decor. Mas, para criaturas mais desmemoriadas, em breve será possível, durante uma conversa com alguém na rua, ter acesso a um texto de um trecho de livro bacana do qual você gosta mas que seria impossível lembrar se não fosse um pequeno comando mecânico, ou mesmo mental, que traz à sua consciência, naquele instante, aquelas informações. Mesmo assim, acho que ainda vai demorar um pouco mais para uma cena inteira de filme se tornar presente da mesma maneira. Por isso também, acho que já - sim, agora - deveria se tornar uma regra a publicação na íntegra dos textos dos depoimentos e falas dos filmes. De, mesmo de forma mais estanque, em frente a um computador, por exemplo, haver a possibilidade de resgatar um recorte de registro do homem sobre a Terra, qualquer que seja.
Ainda assim, um filme como Janela da Alma, apesar de todos os seus belos causos, teria que vir em imagens também. Isso é que é Cinema. A última tomada, a do bebê, fala mais que bilhões de fantásticos Hermetos Pascoais cegos e vesgos juntos, contanto como é bonito ver o mundo à sua própria maneira. Se puder, alugue e assista Janela da Alma. Dá desgosto ver que tão pouco se falou sobre essa película. Mas dá orgulho ver que é um filme brasileiro.