fevereiro 12, 2003

Aí tem os famigerados indies (classe média, geração danoninho, fã de rock/pop, pra quem o prazer da música está em consumir, antes de ouvir. Eles não vivem sem algum jornalista "bacana" e polemicuzinho dando a letra sobre qual é a nova salvação da espécie da semana). Gente "indiegnante" como diria um amigo meu...

Bem, aí tem Whites Stripes, disco novo, uau saiu antes na Internet (que novidade!), a banda sensação do momento (sei lá por que...). Tudo bem, é uma banda legal, mas já dizia Public Enemy: "Don't Believe The Hype!"

Então vem a grande imprensa de merda, sempre com seu festival de meias verdades e mediocridades embaladas com celofane vanguardinha... Blá, blá, blá, nego dispara um "Saiba como é o novo disco do White Stripes" (que, meu Deus!!, sequer foi lançado nas lojas, mas ele JÁ descobriu ANTES na Internet. Uh, como ele é sabido!). Ali o figura solta que a última música, chamada It's True That We Love One Another, do novo disco do White Stripes é uma "Divertida e irônica balada sobre o amor. Jack, Meg e uma amiga dividem o vocal".

Bem, se ele não escrevesse à custa da "imprensa oficial" gringa da indústria fonográfica ele diria o seguinte: que uma versão demo desse som realmente muito legal está na rede pelo menos desde o início de 2002. E que a tal amiga, Holly, mencionada na letra, é ninguém menos que Holly Golightly.

Queeemm? Poizé, é aí que o bicho pega.

A ilustre desconhecida (no mainstream) Holly Golightly é só uma das mais brilhantes compositoras de rock dos anos 90. Proveniente punk do revival garage rock, ela de à luz um estilo próprio, lento, viajandão, de pegada absolutamente sessentista, letras bacanas, de um som que pesquisa o caldo primordial do rock: folk, blues, rhythm & blues, soul etc. Além disso, Holly é pupila do fodidão do revival de garage rock, Billy Childish, figura sem a qual o White Stripes sequer teria existido e para quem já pagaram tributo Nirvana e Mudhoney (procure por Mighty Caesars e Milkshakes).

Aí nego vem, enche a bola do White Stripes e sequer faz (ou fez alguma vez) menção a essa gente. Depois vem o povo falar que o underground é elitista. O caralho! Quem gosta mesmo tá sempre pondo o som na banca: nos anos 80 o Kid Vinil já fazia o radio tremer com Billy Childish e Thee Milkshakes, bem o como o gente boa DJ Serginho Barbo, que mandava ver o barulho na pista do defunto Espaço Retrô...

Ah indie... vai comer danoninho ouvindo Coldplay e pensando em dar um beijo apaixonado na boca do Nick Hornby...