dezembro 27, 2005

s o l d e a n o o v o

Por Vini Gorgulho

Gigantesco e singullar
vejo o Sol refletido no ovo da formiga
Bomba, sangue, chuva e suor:
É Natal, é 25 de março
Mas não adianta a aversão
Salivar de destruição
Nenhum ano acaba como um formigueiro pisado

Gigantesco e meio ubíquo
vejo o Sol refletido no ovo da formiga
Não é menor seu reflexo no ovo da barata
O dia quente, o ar molhado
Os bueiros em festa, o colarinho suado

A mágoa
incrustada na goela
Cerdas de uma escova de aço
De mil e uma utilidades
Parideira da Terra deserta
Mãe das avenidas repletas,
Às seis da tarde, de gente morta

A testa franzida
De não ver na carne mole da alma
O caminho proutra vida, outro dia,
Dorido de Sol, mas de verde perene
De alento lunar de perceber o
Veludinho da superfície da pele
Cheirosa

Gigantesco e sem vergonha
Vejo o Sol refletido no suor da testa
Na baba do beijo,
Num olho que brilha
Num outro que quase que pisca
Fita e convida

Pro Sol, um caminho só:
do ovo, do olho, do outro
O brilho

De novo outro ano
Ano ovo
Jóia celeste gigante,
Eu salivo de alegria
Quando vejo a gente viva!