dezembro 17, 2003

Elucubrando no ICQ sobre um Herói da Classe Trabalhadora, por volta das 2h30...

Johnny Yen (02:21) :
I'm sick and tired of hearing things
From uptight, short-sighted, narrow-minded hypocritics
All I want is the truth
Just gimme some truth
Furdunzzo (02:22) :
Cara, uma das coisas mais pungentes que eu já li (e me identifiquei) na minha vida é a letra de Working Class Hero.
Johnny Yen (02:23) :
sei como é. acho que eu já te falei isso, mas eu lembro de quando li essa letra pela primeira vez. eu lembro que estava no terceiro colegial e foi um lance do tipo "É ISSO!!!". haha
Johnny Yen (02:23) :
e tou numas de ouvir muito lennon nos últimos dias...
Furdunzzo (02:24) :
Lennon é o único cara que põe em jogo a minha iconoclastia. :-)
Johnny Yen (02:26) :
hehe
ele foi meu beatle preferido por um tempão. aí teve uma época que eu achei que ele falava demais e resolvi colocar o george nesse posto. mas acho que o john tá voltando pro lugar que ele nunca devia ter saído... hehe
Furdunzzo (02:29) :
Eu penso em Beatles sempre como grupo. Apesar das evidentes autorias, quando o assunto é Beatles, acho que não vale a pena fazer o recorte....
Furdunzzo (02:29) :
Mas Lennon é um verbete a parte...
Furdunzzo (02:31) :
Ou seja, quando eu penso em Lennon, não penso obrigatoriamente em Beatles...
Furdunzzo (02:34) :
Lennon foi uma parcela imensa dos Beatles. Mas, mesmo nos Beatles, ele era um fenômeno de méritos muito independentes...
Furdunzzo (02:35) :
Ringo era um baterista criativo. Harrison um guitarrista genial. Paul um baixista genial que sonhava em ser o Frank Sinatra. Lennon era Lennon...

PS: Fazendo justiça... Faltou dizer que:

+ Se faltou argumento explícito sobre Lennon, o melhor, na minha modesta opinião, ainda é a letra de Working Class Hero;
+ Todos foram grandes compositores;
+ Tinham George Martin como escudeiro;
+ E bem... eram Beatles, ora bolas!

dezembro 16, 2003

"Quando chegar a Maceió, vou escrever alguns nomes na areia da praia, a onda vai apagar rapidamente, sem rancor, sem raiva, sem nada."

Frase atribuída a Heloisa Helena sobre ter ressentimento dos petistas que a expulsaram do partido. Essa mulé é porreta e merece minha admiração.

dezembro 11, 2003

Procuradoria Geral acionada contra prefeito nazistóide

O Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNDC) da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República enviou à Procuradoria Geral da República nesta terça-feira, 9/12, documento solicitando providências contra o decreto 413/2003 do prefeito Elcio Berti da cidade paranaense de Bocaiúva do Sul, que proíbe a permanência e moradia de homossexuais no município.

Foram citadas também as declarações de teor homofóbico do prefeito em vários meios de comunicação nos últimos dias, que incluíram a disposição de enviar a força policial do município para evitar a presença de homossexuais na cidade.

O CNDC entende que o ato de Berti fere vários pontos da constituição brasileira, que são listados no documento: Princípio Fundamental da Pessoa Humana (art. 1º, III); Principio dos valores sociais do trabalho (art. 1º, IV); Principio do bem estar de todos, sem qualquer preconceito (art. 3o, IV); Princípio Fundamental de não-vilolabilidade a vida privada a honra e a imagem da pessoa humana (5º, X), Desrespeito à normas de direitos e garantias fundamentais, inclusive as previstas na Declaração Universal de Direitos Humanos, inclusive seu artigo 12, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, bem como a Convenção Americana de Direitos Humanos; (art 5º, §1º e §2º); Desrespeitos aos direitos fundamentais da segunda geração, Direitos Sociais (art. 6º e 7º, XXXI); Desrespeito ao princípio norteador da Administração Pública direta ou indireta que faz parte à requerida, entre eles o Princípio da Legalidade e Impessoalidade e da moralidade (art. 37, caput).

dezembro 10, 2003

LONGE DO FORDISMO CULTURAL HÁ VIDA INTELIGENTE

Li um texto interessante da ana Maria Baihana no Comunique-se e desatei a escrever...


A geração de Ana Maria e Belchior sonhava com a democracia. O terror depenou suas asas e as de seus filhos. A primeira coisa que a ditadura fez foi cortar a cabeça do povo brasileiro. Plantaram um povo burro, colheram uma nação anêmica, enfraquecida, estruturalmente destroçada.

Bastou uma década sem Educação pra arrancar a cabeça do brasileiro. O Pasquim estava nas bancas, mas quem comprava? Pouca gente. Enquanto neguinho morria nos porões do Dops, nos 60/70, alguns jovens estavam na rua falando a mesma coisa: povo bunda, povo fracassado... O brasileiro – aquele bicho que leva uma vida ferrada e precisa lutar pelos seus direitos - é sempre o outro...

Ainda que tenha cometido o pecado de generalizar, acho que Belchior estava certo a respeito de sua geração. Afinal, os mesmos caras que tomaram porrada, viveram na clandestinidade e coisa e tal estão no “pudê” hoje, não é? FHC... O PT, estandarte da democracia, louco pra cuspir Heloisa Helena e cia... Caetano Veloso e Máfia do Dendê...

Por conta dessas e outras, ser brasileiro nos anos 80 e 90 também não foi tarefa fácil. E ainda não é. Mais difícil ainda é ser um indivíduo em formação - o jovem - num sistema cuja lógica primordial é a competição, ainda que esse mesmo sistema não ofereça oportunidade para todos competirem e, de fato, alimente mecanismos de exclusão. Quanto menos cobra comendo cobra, melhor...

Acontece que, como diz minha mulher, “a fila anda”. Desde sempre houve os jovens rebeldes que acabam vivendo como os próprios pais, assim como sempre houve quem não se satisfizesse com o status quo, sendo jovem ou não. Vão sempre existir.

E você pode dizer que o cool jazz degringolou em Kenny G e que a geração beat germinou o pernosticismo “elegante” da auto-intitulada elite intelectual atual e sua erudição arrogante, chocha, exibicionista e supérflua. Você pode dizer que “a paz e o amor” hippies decaíram em esoterismo “Carma-Cola” e Aids. Que quem tinha Black Sabbath hoje tem Angra e os Osbournes. Que quem tinha Velvet Underground hoje tem Strokes. Você pode dizer que o alfinete de segurança do punk no final dos 70 involuiu para o piercing na cara da Kelly Key e que a ira dos Buzzcocks verteu o Limp Bizkit. Que todo o trabalho e criatividade encerrados entre os sound systems de Lee Perry e o lamento do Portishead, passando por Kraftwerk e Public Enemy, serviram pra ouvirmos “Tô Nem Aí” de uma tal de Luka, como se estivéssemos sob os alto-falantes de um campo de concentração.

Pois é, você pode continuar essa ladainha, afinal, é só isso que você vê “antes” na MTV, na New Musical Express e seus parasitas (célebres críticos musicais da grande mídia paulistana, por exemplo). Isso pra falar apenas de música e afins.

O negócio é que indústria cultural adotou o fordismo e não larga mais. O lance é que a mídia não fala mais de arte ou cultura, mas apenas de produtos, de lançamentos. Estabeleceu-se o sofisma: o que parece novo é bom. E agora tudo tem uma só cor. E assim se ganha mais dinheiro... Aliás, “é pegar ou largar”.

Esse monólogo do capital é novidade? Claro que não. É ruim, mas é pra quem quer. E tem uma gente espalhada e reunida pelo mundo que não quer mais isso. Ao contrário, quer diálogo, quer compartilhar, quer pôr na banca. A fila anda e a informação circula. Milhões de anos de história da humanidade acumulados pra se fazer bom uso. Não é mais uma questão geracional, nem de gênero, raça, categoria etc. Tem jovem, tem velho, preto, branco, vermelho, amarelo, homem, mulher, gay, tem de tudo. E tem brasileiro pra dar com pau também!

Como na Alegoria da Caverna, basta olhar pra trás, pra fora, pra longe da sombra do seu umbigo animada na parede, para descobrir que existe gente de verdade, bem longe, desacorrentada, produzindo cultura viva e quente se lixando pra exposição gerada pela luz ridícula da fogueira. Realmente não há nada de novo sob o sol quando o seu sol é aquela chaminha trêmula...

Uma cultura totalmente diferente está tomando as ruas e as infovias. É a cultura de quem é livre. Dane-se se não é nova, é autêntica! Dane-se se não vende milhões globalmente, é viva onde vive! E, ainda por cima, agora pode ser disseminada com um clique e a custo zero pelo mundo todo! Em cada cidade desse planeta há diversas “cenas” dos mais diversos estilos musicais, com artistas de talento, criatividade e inteligência, fazendo de tudo, canibalizando o velho, regurgitando o novo.

Excluídas do que preferem mesmo estar fora, essas “cenas” se sustentam não por grandes redes de comunicação coorporativa, mas por suas redes diversificadas de informação, que além de zines e publicações alternativas, tem na comunicação horizontal, no boca-a-boca (amplificado pela Internet), o melhor e mais potente recurso de disseminação e adesão. Paulatinamente, vão ganhando viabilidade financeira e público.

E sucesso. Um sucesso a anos-luz do contexto fordista de sucesso, nada a ver com ser aclamado por uma estatística que reflete o quando o departamento de marketing da empresa teve êxito. Tem haver apenas com ser apreciado, compreendido e respeitado como alguém que deixou um mundo um átimo melhor.

Esse organismo de cultura do submundo está se lixando pra grande mídia. Se um célula desse sistema é infectada pelo sistemão velha guarda, ela é voluntariamente cuspida, pois passa a só conseguir sobreviver no sistemão. É claro que há exceções. Também é claro que o fordismo cultural, cumprindo seu papel, continuará a canibalizar essa base, esse submundo, pra poder ter alguma coisa pra chamar de novidade (ainda que minta nesse empenho).

Os punks deixaram um legado virulento e persistente: Faça-Você-Mesmo! Tem gente fazendo. Pra quê e por quem esperar? Afinal, essa gente resolveu não fazer como os próprios pais só porque querem ver a “fila andar”, o mundo girar. E sabem que não é o dinheiro que faz o mundo girar, como pregava aquela velha e infame canção. Se você não sabe disso tudo, é por que não quis saber. Tá tudo ao alcance da mão. Tem gente nesse mundo que, diferente de seus pais, resolveu fazer do sonho de liberdade uma realidade. Gente que sabe que o sofá não é um trono e o controle remoto não é um cetro. Gente que já mudou de canal, que não odeia a mídia, pois é a mídia e está nas ruas e infovias, fazendo o mundo girar. Gente que sabe que é burrice chamar de “o jovem”, “a música”, “a realidade” ou “o mundo” aquele resuminho repetitivo e padronizado que a mídia de massa faz diariamente. Gente que abriu o diálogo com o resto da gente e deixou a tevê falando sozinha.

dezembro 05, 2003

Chomsky assina manifesto contra expulsões no PT

O lingüista e ativista norte-americano Noam Chomsky encabeça um abaixo-assinado organizado pelo jornal Socialist Resistance, de Londres, contra as expulsões de parlamentares do PT. Além de Chomsky, assinam o manifesto Kean Loach (cineasta inglês), Michael Albert (editor da Znet), e Robin Blackburn (da revista New Left Review), entre outros. O abaixo-assinado é acompanhado de um manifesto em apoio à senadora Heloísa Helena e aos deputados João Batista Araújo (Babá), Luciana Genro e João Fontes. Os signatários do manifesto entendem que as expulsões enviarão um sinal à esquerda mundial de que “o PT perdeu a sua orgulhosa tradição de democracia, de pluralismo e tolerância”. Leia o manifesto.

dezembro 03, 2003

Vortei...

...Pra falar de como fiquei puto quando vi essa notícia aqui:

Prefeito de Bocaiúva do Sul proíbe permanência de homossexuais

Se a Luana Piovani abre a boca pra falar que fumou maconha, isso vira caso de polícia, rola uma comoção na mídia, escandalinho, pinta aquele delegado ou promotor público de segunda linha no esteio dos seus 15 minutos de fama...

Mas se um filhodaputa de pequeno poder nazistóide pratica a oficialização da discriminação e da exclusão - por que o idiota tem medo de ver homem beijando na boca -, cadê a proatividade oportunista de delegado e promotor?

Sabe duma coisa, vão pra puta que o pariu bando de idiota facista! Vão tomar no cú!

Em tempo: em Bocaiúva do Sul pode ser proibido viado assumido andar pela cidade. Mas "por trás", a galera do armário continua fazendo a festa com os primeiros moleques que resolverem comer um cuzinho qualquer por dinheiro.

Vão pro inferno...