fevereiro 28, 2003

M O R D A Ç A
Eduardo Gudin/ Paulo César Pinheiro


F#m7(5-) B7(5+) Em5+(9) Em9
Tudo o que mais nos uniu separou

F#m7(5-) B7/A Em/G C7M Em/C# Em/D
Tudo o que tudo exigiu renegou

C#m7(5-) F#7(5+) G7M GM6
Da mesma forma que quis recusou

Em6/G G° Cm6 B7
O que torna essa luta impossível e passiva

O mesmo alento que nos conduziu debandou

Tudo o que tudo assumiu desandou

tudo que se construiu desabou

Cm6 B7
O que faz invencível a ação negativa

Bm7(5-) E7(9-) Am7+ Am7
É provável que o tempo faça a ilusão recuar

D7(9) D7/C G G/F# G/E G/D
Pois tudo é instável e irregular

C Am7 Am/G B7(9-)/F#
E de repente o furor volta

Em7 Em/D
O interior todo se revolta

F#m7(11) B7(5+) Em5+(9) Em9
E faz nossa força se agigantar

Mas só se avida fluir sem se opor

Mas só se o tempo seguir sem se impor

Mas só se for seja lá como for

O importante é que a nossa emoção sobreviva

E a felicidade amordace essa dor secular

Pois tudo no fundo é tão singular

É resistir ao inexorável

O coração fica insuperável

e pode em vida imortalizar.

fevereiro 27, 2003

A quitanda bloqueou o acesso a alguns conteúdos da Internet. "Entertainment" é uma das categorias bloqueadas. Azar o deles. Os quitandeiros que voltem às cavernas. Preciso picar a mula desse briôco...
O Centro de Mídia Independente - que mina feliz e brutalmente o eixo de poder dos detentores da informação - faz uma carinha que tá de carinha nova. Parece que o conteúdo editorial tá um pouco mais amplo, o que pegou super bem. Ficou muito legal galera! Parabéns.

fevereiro 26, 2003

Mas a arrogância deles vai devorá-los. Apesar da pesada propaganda a Goebles, uma hora o povo e o congresso estadunidenses vão se dar conta que seu país está na mão de uma máfia poderosa. Bush é tão grosso que pode ser considerado o primeiro governante dos EUA a utilizar a máquina da indústria cultural e da propaganda para simplesmente queimar o próprio filme.
O Império da Competição quer mesmo é estabelecer um novo direito internacional com base em uma única cláusula: a lei do mais forte. Se eles começarem com essa guerra suja (redundância) a grana preta dará um pé na bunda da geo-política internacional que nós conhecemos. Adiós organismos multilaterais. O "mercado" abandonou de vez o discurso eufemista e evasivo e explicitamente declara que, além de poder econômico, é detentor também de poder militar. O dedo do meio é a mensagem (como diz o nome do blog).

Amir Sader faz uma reflexão sobre isso:

O fim da ONU

Aceitar a guerra e ainda delegar aos EUA fazê-la é uma capitulação que não só representará o fim da ONU, mas também o início de uma nova era de guerras e instabilidade mundial.

fevereiro 21, 2003

Na hora do café uns tomam café, outros blogam. Mas os ianques são especialistas em perda de tempo.


Estados Unidos, 07/01/2003 - Sósias de Elvis jogam basquete no United Center, em Chicago, durante o intervalo do jogo entre Chicago Bulls e Utah Jazz. Dia 8 seria o aniversário de Elvis Presley.

Uma das bandas brasileiras mais legais que vi nos últimos tempos. O nome não faz jus a grandeza da banda, que fez um puta showzão no Tramp Club um dia desses aí. Um punk-surf rock eletrizante, cheio de climas, com arranjos bacanas, um quê cinematográfico. Fodaço. Os caras são de Belo Horizonte, dois deles, proprietários de um dos bares mais rockers de BH, A Obra. No dia que eles tocaram tive o prazer de conhecer pessoalmente o camarada eletrônico Danelectro, que é amigo da banda e rocker gente boa e de bom gosto.

Baixe dois MP3 do Estrume'n'tal.

Outro lugar em que você pode encontrar um caminho pra esses sons é o Reverb Brasil, um site que vale muito a pena visitar. Ilustrado com um visual bacana, eles é dedicado exclusivamente às bandas de surf rock brasileiras, que não são poucas e a maioria muito, muito boas.

fevereiro 20, 2003

A tempo, pra quem tá curioso com o Sidney Miller: eu ainda não fiz uma busca com o nome dele no Soulseek, não sei se dá pra achar. Pode até dar, o Soulseek é tão foda que qualquer hora pinta até gravação do Scott Joplin. De qualquer forma, quem quiser pode procurar no meu HD, uma versão de Pois É, Pra Quê com o MPB4.
Olhasó! Achei uma matéria bacana e velha sobre o Sidney Miller escrita pelo jornalista Mauro Dias. Publico aqui ela editada, mas se quiser leia ela inteira aqui:

Sidney Miller planejava montar um show em que dividiria o palco com o violonista Maurício Tapajós. Tinha várias músicas novas e quis mostrar o repertório para o MPB-4, que havia feito enorme sucesso cantando uma de suas composições - a tristíssima, desalentada, desesperançada canção Pois É, pra Quê?. Gravou uma fita com cinco das músicas novas e entregou-a a Miltinho, o violonista do quarteto. Miltinho ouviu, adorou, guardou.

Isso foi no começo de 1980. No dia 16 de julho, Sidney Miller morreu. Tinha 35 anos. Oficialmente, morreu de câncer. É o que consta das notícias de época, não contestadas. Um delicado silêncio encobriu o gesto de desespero - Sidney trabalhava na Funarte, onde esteve naquele dia mesmo, de onde saiu, ao fim do expediente, para nunca mais. Miltinho não voltou a ouvir a fita. (...)

(...) Sidney Álvaro Miller Filho nasceu no Rio, em 1945. Começou a compor na adolescência, estudou Economia - não se formou -, estreou para o público com o samba Queixa, uma parceria a seis mãos com Zé Kéti e Paulo Thiago que Ciro Monteiro interpretou no primeiro festival da TV Excelsior. Em 1967, ele mesmo defendeu a épica A Estrada e o Violeiro, num dueto com Nara Leão.

Ganhou o prêmio de melhor letra no terceiro festival da TV Record.

Concorria, entre outras, com Roda Viva, de Chico Buarque, Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, Domingo no Parque, de Gilberto Gil, Alegria, Alegria, de Caetano Veloso.

A corajosa Nara foi sua grande incentivadora. Nelson Lins e Barros os apresentou. Ele levou uma penca de músicas para ela. Nara gravou cinco, em 1966, num mesmo disco - num tempo em que os discos tinham, no máximo, 12 faixas. Entre as escolhidas de Nara estavam Pede Passagem (que deu nome ao disco), O Circo ("Vai, vai, vai, começar a brincadeira/ Tem charanga tocando a noite inteira").

De repente, todo mundo cantava O Circo. Era a música que os pais cantavam para os filhos - e os filhos cantavam junto os versos desalentados: "De chicote e cara feia, o domador fica mais forte/ Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte/ Terminado o seu batente, de repente a fera some/ Domador que era valente em outras feras se consome/ Seu amor indiferente, sua vida, sua fome."

O percurso artístico foi errático. Sidney era um tímido incurável que se recolheu aos bastidores. Gravou três discos, entre 1967 e 1974, que estão fora de mercado: Sidney Miller, Do Guarani ao Guaraná e Línguas de Fogo. Foi um grande produtor de espetáculos, musicou filmes e peças de teatro, escreveu um livro. Fez sambas (Pede Passagem, Alô Fevereiro), toadas (A Estrada e o Violeiro), retrabalhou cantigas de roda (De Marré de Ci, Passa, Passa, Gavião, A Menina e a Agulha), flertou com o tropicalismo (em Do Guarani ao Guaraná).

Seu talento só encontrava comparação no de Chico Buarque, e na carreira curta, a obra densa guarda alguns dos versos mais tristes da história da música brasileira, como os de Pois É, pra Quê?: "Que rapaz é esse, que estranho canto/ Seu rosto é santo, seu canto é tudo/ Saiu do nada, da dor fingida/ Caiu na estrada, fugiu na vida/ A menina aflita ele não quer ver/ A guitarra excita, pois é: pra quê?"
Baladas quentes? Visita o blog do Tchelo, camarada e DJ responsa, que faz som de primeiríssima na Funhouse. Garage rock, punk rock, bandas de riot grrrls e o escambau. O visual é pior que a segunda edição daquele velho zine punk Puta Vomitada. Mas tem um conteúdo de gala pra quem curte baladas de rock'n'roll.

Sidney Álvaro Miller Filho foi um dos maiores compositores da MPB. Fez músicas de protesto bem punks pra época - os anos 60 da ditadura militar -, dignas de figuras como o chileno Victo Jara. Morreu no completo ostracismo. E o ostracismo foi tanto que todas os fãs ardorosos de MPB provenientes daquela geração que conheci - como meu tio e irmão Dimas e minha colega de trampo Mãezona Fachin - sempre me disseram que o cara tinha morrido novo. Mas não foi assim não, ele só sumiu mesmo. Falta alguém pra resgatar com mais detalhes sua história lá no Rio. Clique no nome dele logo abaixo do título de Pois É, Pra Que?, que publiquei logo abaixo, e uma curta biografia. Paulo Eduardo Neves, do bom site Agenda do Samba & Choro escreveu: "Todos seus quatro discos -- Sidney Miller (1967), Brasil, do Guarani ao Guaraná (1968), Línguas de Fogo (1974) e Sidney Miller (1983) -- estão fora de catálogo e nunca foram lançados em CD. Não mereceu nem mesmo entrar numa destas coletâneas vagabundas que as grandes gravadoras lançam aos quilos. Apenas uma ou outra composição pode ser encontrada com intérpretes como Paulinho da Viola, Jards Macalé, Doris Monteiro ou Gal Costa. Hoje, seu nome é mais lembrado por dar nome ao espaço de shows da Funarte, onde trabalhou e criou um importante projeto de novos compositores."

Bem lembrado, Mau. Muito bem lembrado:

Pois É, Prá Quê?
Sidney Miller

D Bm G A7 D Bm
O automóvel corre a lembrança morre
G A7 D Bm
O suor escorre e molha a calçada
G A7 D
A verdade na rua a verdade no povo
Bm G F#7 Bm Bm/A
A mulher toda nua mas nada de novo
Em A7 D Bm
A revolta latente que ninguém vê
G A7 D Bm G A7
E nem sabe se sente pois é pra que
D Bm G A7 D Bm
O imposto a conta o bazar barato
G A7 D Bm
O relógio aponta o momento exato
G A7 D Bm
Da morte incerta a gravata enforca
G F#7 Bm Bm/A
O sapato aperta o país exporta
G A7 D Bm
E na minha porta ninguém quer ver
G A7 D Bm G A7
Uma sombra morta pois é pra que
D Bm G A7 D Bm
Que rapaz é esse que estranho canto
G A7 D Bm
Seu rosto é santo seu canto é tudo
G A7 D Bm
Saiu do nada da dor fingida
G F#7 Bm Bm/A
Desceu a estrada subiu na vida
G A7 D Bm
A menina aflita ele não quer ver
G A7 D Bm G A7
A guitarra excita pois é pra que
D Bm G A7 D Bm
A fome a doença o esporte a gincana
G A7 D Bm
A praia compensa o trabalho a semana
G A7 D
O chopp o cinema o amor que atenua
Bm G F#7 Bm Bm/A
Um tiro no peito o sangue na rua
G A7 D Bm
A fome a doença não sei mais porque
G A7 D Bm
Que noite que lua meu bem pra que
D Bm G A7 D Bm
O patrão sustenta o café o almoço
G A7 D Bm
O jornal comenta o rapaz tão moço
G A7 D Bm
O calor aumenta a família cresce
G F#7 Bm Bm/A
O cientista inventa uma flor que parece
G A7 D
A razão mais segura pra ninguém saber
Bm G A7 D Bm G A7
De outra flor que tortura
D Bm G A7 D Bm
No fim do mundo tem um tesouro
G A7 D Bm
Quem foi primeiro carrega o ouro
G A7 D Bm
A vida passa no meu cigarro
G F#7 Bm Bm/A
Quem tem mais pressa que arranje um carro
G A7 D Bm
Pra andar ligeiro sem ter porque
G A7 D Bm G
Sem ter pra onde pois é pra que
A7 D Bm G A7 D Bm G A7 D
Pois é pra que pois é

fevereiro 19, 2003

Os filhos da puta agora voltaram a plenejar fritar todo o Mundo. Onde esses caras pretendem parar? A grana não será suficiente pra comprar um planeta novo no final das contas... Leia o absurso abaixo:

EUA confirmam planos de nova geração de armas nucleares
O meu maldito complexo de Fred Flinstone: não passo um dia sem uma aventura ou desventura. Umas são contingências ou injustiças. Mas como somos humanos, tem sempre uma parcela de vacilo, de responsabilidade nossa. Mas fazer o que né, não adianta fritar os miolos por conta de gente escrota...

"Ei Frred! Não esquente a moringa", Barney Ruble

fevereiro 18, 2003

Desde The Cramps até Marilyn Manson, não teria existido tanta bizarrice no rock se um dia, nos anos 50, um cara louco chamado Jalacy J. Hawkins' mais conhecido como Screamin' Jay Hawkins não tivesse subido a um palco dentro de um caixão, capa roxa, terno e sapatos estravagantes, o primeiro topete psycho e cantado como um zumbi chapado de estricnina segurando um cajado com uma caveira na ponta.
Seu Voodoo Jive era basicamente blues, rhythm & blues e rock'n'roll com harmonias sinistras, vocais ensandecidos, letras esquisitas. E uma senhora presença de palco. Devia matar de calafrios as malditas famílias KKK. Em 1956 ele estourou com o clássico I Put A Spell On You, e, com essa pérola, provou que além de demente era um estandarte da música negra e do rock. É uma das músicas mais gravadas da história, vê só quanta gente pagou tributo. Depois do original, vale a pena ouvir a belíssima versão da diva Nina Simone.
Seu primeiro grito foi em 18 de julho de 1929, em Cleveland, Ohio. No dia 12 de fevereiro de 2000, aos 70 anos, o preto véio mais rocker da história partiu de Paris (França) para o outro lado. As últimas manifestações sobrenaturais indicam que ele foi trabalhar como entidade voodoo em cultos cajun da Louisiana. Ugu, Ugu!

"When I go, I don't want to be buried. I've been in too many damn coffins already!" Screamin' Jay Hawkins
Ele ariscou na corda-bamba
E arriscou na corda-bamba
Ele caiu da corda-bamba
Morreu, houve palmas, depois samba.

fevereiro 14, 2003

Acreditem, essa é capa do Daily Mirror de hoje, hehehe...

fevereiro 13, 2003

Vamos nessa? Eu vou.
Participe!! Divulgue!

Pela Paz, Contra a Guerra!
Sábado 15 de fevereiro: manifestação contra a Guerra ao Iraque.
Concentração às 16h no MASP, passeata até o Ibirapuera com ato de encerramento em às 18h.

Dia 15 é dia mundial de mobilização contra a Guerra ao Iraque !!!

Venha mostrar sua indignação e dizer: NÃO À GUERRA!!!!

Só há uma maneira de parar essa máquina mortífera: A humanidade que deseja a paz verdadeira, que se indigna com a Guerra e suas conseqüências para os seres humanos e o meio ambiente estar nas ruas de todo mundo exigindo: Não à guerra contra o Iraque! Pelo direito à soberania e autodeterminação dos povos do Mundo!

Comitê São Paulo contra a Guerra ao Iraque


Leia aqui um texto brilhante do Emir Sader sobre a guerra:

Um novo poder imperial
Emir Sader


A guerra do Golfo de 1991 foi para expulsar o Iraque do Kweit. O
então presidente dos EUA, George Bush, confessou que era uma guerra
pelo petróleo, porque países que invadem outros, há vários casos, mas
nenhum outro mereceu a invasão, porque não havia petróleo no meio.

Desta vez, a guerra vai redesenhar o mapa de toda a região,
introduzindo um novo poder imperial. Todos sabem que os EUA pretendem
instalar-se no coração do Oriente Médio por tempo prolongado ou
indefinido. A Síria e a Arábia Saudita ficarão totalmente cercados
por tropas e bases militares norte- americanas. O Irã ficará
parcialmente cercado. Os EUA poderão intervir em qualquer país da
região sem ter mais que pedir apoio terrestre para nenhum país. Atualmente dependem do Kweit e da Turquia para poder invadir o
Iraque. Os EUA passarão de ser uma potência com forte influência
regional através da coalizão com aliados locais, para ser uma
potência regional, capaz de operar com seus próprios meios.

Além de que, uma vez instalados no Iraque, os EUA se apropriarão da
segunda reserva mundial de hidrocarburos, podendo transformar
significativamente o mercado mundial de petróleo. Os EUA poderiam
dobrar rapidamente a produção, fazendo diminuir os preços do
petróleo, enfraquecendo a OPEP e, com ela, países como a Líbia, o
Irã, a Venezuela. Os EUA poderão recompor as reservas à sua
disposição, distanciando-se do atualmente incômodo aliado da Arábia
Saudita e favorecendo a retomada do desenvolvimento da economia norte-
americana.

Com essa guerra os EUA começam a pôr em prática seu novo projeto para
o Oriente Médio, de importar os modelos de democracia liberal e de
economia de "livre mercado" para a região, considerando que isto
significaria "modernizar" os países árabes, partindo do
modelo "ocidental"' na região Israel. Trata-se de instalar
a "guerra de civilizações" no coração do Oriente Médio. As tentativas
de derrubar o governo de Arafat fazem parte da obsessão atual de que
a missão dos EUA é "modernizar", "democratizar", introduzir o
capitalismo de mercado no conjunto da região, começando pelo Iraque e
pela Palestina, para depois, seja pela pressão e pelas ameaças, com
bases militares na fronteira do Irã, da Arábia Saudita, do Kweit, da
Síria, da Turquia e da Jordânia, seja por novas intervenções diretas,
estender essa mancha de "civilização" desde dentro da "barbárie" do
mundo árabe.

Os EUA dispõem da superioridade militar suficiente para teoricamente
conseguir impor uma guerra de prazo curto, pagando um preço
relativamente baixo por atuar sem as condições políticas básicas para
uma intervenção desse tipo, não importando o número de vítimas.
Internamente estará iniciada a campanha eleitoral para a reeleição
(como dizem alguns, para que Bush possa ser pela primeira vez eleito
presidente dos EUA) do atual presidente no final do próximo ano. Ele
terá revigorado o clima histérico de país sitiado pelos "terroristas"
que têm lhe rendido tantos frutos.

Externamente, caso possam resolver favoravelmente esta guerra, os EUA
terão conseguido transformar a força em argumento, com a
chamada "comunidade internacional" aderindo ou se adequando aos
interesses e à ação belicista norte-americana. O mundo será mais
instável e não menos, porque esta é a primeira de uma série de
guerras e de demonstrações de uso indiscriminado da força e de
desprezo por qualquer legalidade internacional.

Terá surgido um novo império. Aquela liderado pela Inglaterra, de
caráter colonial, ocupava militarmente territórios como se fossem
partes do seu império. A hegemonia imperial norte-americano do século
XX combinou influência ideológica, exploração e dependência
econômicas, com intervenções militares. Este novo império norte-
americano do século XXI combina elementos da dominação colonial como já faz no Afeganistão e pretende fazer no Iraque -, com os
outros ideológicos e econômicos, pretendendo construir um império
global centrado na sua indiscutida superioridade militar.

Tudo articulado com valores liberais política e econômicamente -,
incluídos direitos humanos e liberdade de expressão. Desaba assim,
com o modelo econômico neoliberal que generaliza o "tudo se compra e
tudo se vende", a farsa do liberalismo como sistema político e
ideológico que pretende encarnar a liberdade e a democracia, mas
dissemina a discriminação, o desprezo da lei e a subjugação dos mais
fracos. É chegada a hora de um outro mundo, de uma outra política, de
uma outra economia, de uma outra cultura, de outros valores, que
apontem para o renascimento do humanismo e da solidariedade. Os EUA,
filho dileto e "milagre" privilegiado do capitalismo, exibe suas
vísceras e expõem os limites de uma sociedade em que triunfam o mais
forte e o mais rico. Ou saímos desse mundo ou sucumbiremos com ele.
Caralho, que calor!!!

fevereiro 12, 2003

VIVA! O SOULSEEK VOLTOU!!!!!
Aí tem os famigerados indies (classe média, geração danoninho, fã de rock/pop, pra quem o prazer da música está em consumir, antes de ouvir. Eles não vivem sem algum jornalista "bacana" e polemicuzinho dando a letra sobre qual é a nova salvação da espécie da semana). Gente "indiegnante" como diria um amigo meu...

Bem, aí tem Whites Stripes, disco novo, uau saiu antes na Internet (que novidade!), a banda sensação do momento (sei lá por que...). Tudo bem, é uma banda legal, mas já dizia Public Enemy: "Don't Believe The Hype!"

Então vem a grande imprensa de merda, sempre com seu festival de meias verdades e mediocridades embaladas com celofane vanguardinha... Blá, blá, blá, nego dispara um "Saiba como é o novo disco do White Stripes" (que, meu Deus!!, sequer foi lançado nas lojas, mas ele JÁ descobriu ANTES na Internet. Uh, como ele é sabido!). Ali o figura solta que a última música, chamada It's True That We Love One Another, do novo disco do White Stripes é uma "Divertida e irônica balada sobre o amor. Jack, Meg e uma amiga dividem o vocal".

Bem, se ele não escrevesse à custa da "imprensa oficial" gringa da indústria fonográfica ele diria o seguinte: que uma versão demo desse som realmente muito legal está na rede pelo menos desde o início de 2002. E que a tal amiga, Holly, mencionada na letra, é ninguém menos que Holly Golightly.

Queeemm? Poizé, é aí que o bicho pega.

A ilustre desconhecida (no mainstream) Holly Golightly é só uma das mais brilhantes compositoras de rock dos anos 90. Proveniente punk do revival garage rock, ela de à luz um estilo próprio, lento, viajandão, de pegada absolutamente sessentista, letras bacanas, de um som que pesquisa o caldo primordial do rock: folk, blues, rhythm & blues, soul etc. Além disso, Holly é pupila do fodidão do revival de garage rock, Billy Childish, figura sem a qual o White Stripes sequer teria existido e para quem já pagaram tributo Nirvana e Mudhoney (procure por Mighty Caesars e Milkshakes).

Aí nego vem, enche a bola do White Stripes e sequer faz (ou fez alguma vez) menção a essa gente. Depois vem o povo falar que o underground é elitista. O caralho! Quem gosta mesmo tá sempre pondo o som na banca: nos anos 80 o Kid Vinil já fazia o radio tremer com Billy Childish e Thee Milkshakes, bem o como o gente boa DJ Serginho Barbo, que mandava ver o barulho na pista do defunto Espaço Retrô...

Ah indie... vai comer danoninho ouvindo Coldplay e pensando em dar um beijo apaixonado na boca do Nick Hornby...

fevereiro 11, 2003

Ô Fabão,
O filme não era completamente de macho então, né? Não tinha futebol, hehe? Sem encher, achei um pusta filme bacana. Minha expectativa não partiu dos jornais e semanários. O Rafa (Mr. Burns) tinha lido este livro no meio do ano passado e passou um final de semana inteiro explicando a disputa pelos 5 pontos, os Dead Rabbits, que os caras passavam banha no cabelo pra ficarem com um visual rebelde e nos botecos pagava-se, sei lá, um cent, por uma dose de cerveja (era o preço para vc pegar o quanto pudesse beber num só fôlego metendo a boca aquela mangueira que saia de um imenso barril; imagina o cheiro desse troço) e coisa e tal.
E nem tudo que os ianques fazem é sinônimo de propaganda pro status quo, Helo, assim como nem tudo o que sai de Hollywood é lixo puro - 99% é, é verdade, mas alguma coisa escapa.
Claro que eu fiquei matutando sobre o tal discurso do consenso. E acho que o filme não tem mensagens subliminares e patriotismo barato. A violência ali é sem honra, pois a despeito dos códigos de cada grupo, a trapaça é ofício. Acho que o grande mérito do filme é ser hollywood, chamar a atenção e ao mesmo tempo tornar explicita a questão da intolerância racial nos Estados Unidos. Esse é o tema.
O livro meio que procura descrever o nascimento da marginália estadunidense como o século 20 acabou conhecendo; dessa história sairam manifestações das mais variadas, desde a máfia italiana, aos Panteras Negras, dos bikers (aquelas gangues de jaquetas de couro do pós-guerra, cujo visual e o estilo de vida a cultura do rock'n'roll adotou posteriormente - tipo Marlon Brando em O Selvagem), passando pelos Beatniks, até os Gangsta Rap negro e chicano e todos os seus personagens. Gangues de Nova Iorque é o Parque dos Dinossauros da escória daquela terra. É o caldo primordial do submundo. Vale lembrar que tudo de interessante que aquele pais já fez veio da "escória".
Não é mesmo o melhor filme da história, mas é legal pacas.

A madrugada sua em bicas
Amantes choram no colchão
A esperança não vem nesse verão

Alice
(Tom Waits/Kathleen Brennan 1992)

It's dreamy weather we're on
You waved your crooked wand
Along an icy pond with a frozen moon
A murder of silhouette crows I saw
And the tears on my face
And the skates on the pond
They spell Alice

I disappear in your name
But you must wait for me
Somewhere across the sea
There's a wreck of a ship
Your hair is like meadow grass on the tide
And the raindrops on my window
And the ice in my drink
Baby all I can think of is Alice

Arithmetic arithmetock
Turn the hands back on the clock
How does the ocean rock the boat?
How did the razor find my throat?
The only strings that hold me here
Are tangled up around the pier

And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice

And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice
There's only Alice
Bem, aqui rola um compacto com os melhores (ou piores) momentos da novela Soulseek is Down...

fevereiro 10, 2003

Soulseek is not dead (Tomara!)
O Soulseek já está fora do ar há mais de uma semana. Todo mundo gelou e os fóruns de discussão encheram-se boatos - um deles, dizia que o Soulseek tinha sido derrubado por uma medida judicial provocada pela maldita RIAA (o distintivo da indústria fonográfica estadunidense). Um das coisas que pintou com cara de verdadeira (é claro que não dá pra saber de fato se isso é real ou não) é essa mensagem aqui. O mesmo site criou um link que indica se o Soulseek está ou não online.

fevereiro 08, 2003

Gangues de Nova Iorque - Land of the fee, home of the grave

Carnificina. Desdenhando de uma nova vontade da mais diversa gama de gente do mundo que procura falar num uníssono positivo, o governo dos EUA se revela, hoje, publicamente um Estado de crime, um império mafioso, financiado pelo petróleo e pela ganância de poderosos.
Em meio a realidade da flácida geopolítica atual, Martin Scorcese enfim registrou a existência do elo perdido histórico em que o Estado e o crime - que forjaram o império que nós vemos hoje cada vez mais voraz e violento - ainda não se sabiam razoavelmente partes de sistemas diferentes.
É claro que poder e crime nunca estiveram verdadeiramente distantes em toda a história, porém, é impressionante ver um um filho da autoproclamada América mostrar tão cruamente essa verdade no atual momento.
Não é à toa, que a frase que encerra o filme lembra que a história que se acabou de ver é um fóssil esquecido, profundamente enterrado da história (ou seria estória) estadunidense. A história em questão é o livro As Gangues De Nova York - Uma Historia Informal Do Submundo, escrito em 1928 por Herbert Asbury e que ganhou um prefácio de Jorge Luis Borges. Eles não queriam se lembrar.
Mas agora é tarde. Scorsese mostra que os beligerantes Estados Unidos da America e seu povo chegaram onde chegaram porque foram fortes suas sementes: a democracia (um sistema de poder e controle baseado na sua própria validação via voto proveniente da coação ou propaganda), o ódio e a intolerância (que sustentam e transformam em ideais o medo de ter que dividir seu pão e formar uma nova comunidade com quem não é de seu clã) e o crime (que procura de forma organizada arrematar o que a democracia e a intolerância não conseguem por si só).
Vale a pena ver Gangues de Nova Iorque (não vou fazer sinopse. Tem duas boas aqui). A infâmia e, mais especificamente a máfia, sempre renderão boas estórias pra se contar. A máfia é um fetiche estadunidense, bem como seu ufanismo. Scorsese aproveita para falar do nascimento da máfia e dos estados unidos da America. Exibe-os sem vergonha de mostrar do que é feito seu povo, sua nação. Land of the fee, home of the grave, eu diria. One nation under dog, eu diria.
Vá ver. A tempo, Daniel Day Lewis mais uma vez brilhante, na pele de Bill, o Açougueiro, faz a gente de fantoche e usa como fios nossos nervos...

fevereiro 07, 2003

Ontem estava grogue, febril, resfriado. Num pusta calorão. Uma merda. Passei o dia de molho em casa. Mas uma coisa boa disso saiu (além de não ter que ir trabalhar). Vi um programa, um talk show sobre literatura na STV, falavam do Leminsky. Um episódio da vida dele e minha febre (certamente) me inspiraram a escrever um poema/letra depois de um longo, longo inverno! Ei-lo:

Eu vou pedir a conta ao garçom
Todo cemitério tem um bar ao lado
Pra velar os vivos, só, embriagado
No escritório os mortos
Na avenida o gado
Como uma revoada de macacos
No céu do Hades

Vejo que ainda não é tão tarde
Tomo a saideira onde o ar for limpo
O calor da alma me derrete o vínculo

Mato o cartão de ponto
Rubro de sangue seu terno engomado
Porque eu faço parte de um lindo panteão
Onde os anjos sujos vivem chapados
Tocando estridentes num bar enfumaçado

Vou pedir a conta ao garçom
Todo cemitério tem um bar ao lado

Vini
6.2.93
(tarde febril)